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Jantar em família reduz o risco de obesidade em crianças e adultos

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Os padrões das refeições na sociedade urbanizada atual mudaram bastante em relação a um passado relativamente recente, tanto na forma quanto no conteúdo. As dificuldades de deslocamento têm obrigado, já faz algum tempo, às pessoas almoçarem fora de casa nas grandes cidades. Por sua vez, a industrialização dos alimentos, a tecnologia e a avalanche de mídias – internet e seus derivados, celulares e seus aplicativos, computadores e seus programas e TVs com centenas de canais – reduziram o jantar de grande parte das famílias a um bip do aparelho de micro-ondas, onde o alimento do pacote, previamente preparado por terceiros e congelado, vai ser ingerido individualmente no quarto com seus aparelhos eletrônicos, ou mesmo na sala ou na cozinha em frente a uma TV. Um ato solitário, onde as notícias do mundo ou a novela parecem ter mais importância que as notícias da família.


Já há alguns anos vários estudos científicos têm avaliado as consequências deste novo padrão sobre diversos aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes, desde a saúde até a socialização. No mês de outubro foi publicada uma nova pesquisa que analisa o risco de obesidade em crianças e adultos conforme o ambiente e a forma que é realizado o jantar. Foi examinada, em 190 pais e 148 crianças, a relação entre os hábitos familiares do jantar com o índice de massa corporal (IMC), que é um indicador de sobrepeso e obesidade. Alguns estudos já haviam demonstrado que o IMC é sensível a outros fatores de estilo de vida, como atividade física, tomar café da manhã todos os dias e padrão de renda. Algumas questões da pesquisa, dentre outras, dirigidas aos pais, eram sobre quantos dias, em uma semana típica, eles participavam do jantar com os filhos, se conversavam como tinha sido o seu dia e se a TV estava ligada durante o jantar. A atenção do estudo não se concentrou no alimento em si, mas na socialização envolvida no ato de jantar em família.


Os resultados demonstraram que os adultos e crianças de famílias que se reúnem na sala de jantar ou na cozinha para comer, que ficam na mesa até a última pessoa terminar e que mantém a TV desligada durante o jantar, têm menor IMC, ou seja, são mais magras. Comer em qualquer outro lugar que não a cozinha ou sala de jantar está associada a um maior índice de massa corporal, tanto em adultos quanto em crianças.


Uma interpretação dada pelos pesquisadores a estes resultados é que a forte e positiva socialização durante o ato do jantar familiar pode sobrepor a necessidade da criança comer demais. Entretanto, a ligação entre os hábitos do jantar e o IMC não significa, necessariamente, que um seja diretamente causador do outro, porém a associação entre um e outro ficou bem estabelecida.


Mesmo que as razões desta relação não sejam ainda claras, o jantar se apresenta como um importante aliado na prevenção da obesidade e na sensação de bem-estar, do presente e do futuro, com o seu ritual familiar, na sala ou na cozinha, e com os aparelhos eletrônicos desligados, onde pais e filhos conversam sobre as coisas boas e ruins que aconteceram a cada um naquele dia e as coisas que se planejam para amanhã – como nos velhos tempos.

Fonte: ABC da Saúde